Demências

As demências se tornaram desde o início deste século um grande problema clínico e de saúde pública.
A medida que a expectativa de vida da população aumenta, aumenta-se também sua prevalência.

A prevalência da doença de Alzheimer varia conforme a idade, indo de tão pouco quanto 0,13% na faixa etária de 30 a 64 anos até 12,60 na faixa etária de 90 a 99 anos.
Com a melhora da saúde pública nos países em desenvolvimento também tem se percebido um maior número de casos de demência.

A doença de Alzheimer é a forma de demência mais comum é neuropatologicamente determinada pela presença de novelos neurofibrilantes e placas senis no cérebro dos pacientes.

A doença freqüentemente começa com a piora cognitiva global progressiva.
O exame neurológico nas fases iniciais da doença é normal;

Na história natural da doença ocorre uma instalação insidiosa e progressiva de alteração da memória para fatos recentes, e nesta fase, comumente a família percebe que o paciente esquece coisas recentes e se lembra muito bem de fatos antigos, devido à preservação de sua memória retrograda. Nesta fase esquecem onde guardam objetos, esquecem itens de uma lista de compras, esquecem as chaves e não lembram aonde guardaram, posteriormente com a evolução da doença esses esquecimentos vão se tornando mais intensos, o indivíduo esquece nomes de pessoas próximas, amigos, parentes, por vezes até netos.

Assim como a doença progride, se instala a irritabilidade, dificuldade em manipular ou realizar atividades que normalmente seriam fáceis para o paciente, dificuldades de orientação espacial, dificuldade de localizar-se dentro de sua própria casa, dificuldade de lidar com contas e com dinheiro, até quadros de distúrbios psiquiátricos com delírios e pensamentos paranóicos. É comum o paciente idoso sentir que está sendo ameaçado por um membro da família, que está sendo roubado, ou mesmo delírios de ciúmes, achando que o cônjuge esta tendo um romance fora do domicílio e sem dúvida isto pode gerar muitos conflitos no meio familiar.

A associação Americana de Psiquiatria define a doença de Alzheimer como um déficit em múltiplos domínios da função cognitiva, nos quais consistem de:
-Piora da memória;
– Distúrbio da fala (linguagem);
– Alteração da função executiva (função lóbulo frontal);
A doença de Alzheimer, é uma doença degenerativa que ocorre devido à morte das células cerebrais, levando a diminuição do cérebro que pode ser detectado através de exames de neuroimagens (Tomografia computadorizada, Ressonância magnética nuclear)

As formas hereditárias da doença são muito raras e correspondem a menos de 5% no total de casos sendo devido a uma anormalidade nos cromossomas 1, 14,19 e 21.
Nestas situações, as vezes a doença pode ocorrer mais precocemente, isto é antes dos 50 anos de idade.

O tratamento da doença de Alzheimer não promove a cura da doença, apenas em alguns casos diminui a velocidade de progressão dos sintomas.

As drogas mais utilizadas ultimamente são os inibidores da acetilcolinisterase que é a enzima que destrói a acetilcolina. Acredita-se que haja um desequilíbrio bioquímico no cérebro com a diminuição da função colinérgica e da ação dos circuitos colinérgicos.
As drogas utilizadas que são inibidoras da acetilcolinisterase visam aumentar a quantidade de acetilcolina no cérebro. Três drogas atualmente existem no mercado, a Donepezil, a Rivastigmina e a Galantamina.

Recentemente foi introduzido aqui no nosso país uma outra medicação cuja substância é a Memantina, que é o inibidor da NMDA, que também inibe o nível de fluxo de cálcio ocasionando um melhor funcionamento das células. De início essa droga também era usada apenas para os casos moderados e mais graves, hoje também recomenda-se o seu uso nas fases iniciais seja isoladamente ou associada a um inibidor de da acetilcolinisterase.

Apesar da doença de Alzheimer ser a forma mais freqüente da demência, existem outras causas de demência que apenas citaríamos:

– A demência vascular, decorrente de quadros isquêmicos e hemorrágicos cerebrais;
– A demência fronto temporal;
– A Demência de Levi;
– A demência relacionada ao uso de álcool

Outras causas menos comuns de demências são:
– As doenças de Creutzfeld – Jakob
– A degeneração córtico basal;
– A doença de Hanctinton;
– Paralisia nuclear progressivas
A demência na doença de Parkinson e o Complexum AIDS, demências.
Causa muito raras de demências também merecem ser citadas:
– A Hidrocefalia de pressão normal, onde há uma dilatação dos ventrículos cerebrais;
– A Gliose subcortical progressiva;
– As Vasculites cerebrais;
– A demência na esclerose múltipla;

Não podemos deixar de salientar aqui, que quando se faz a investigação diagnóstica da doença de Alzheimer é necessário se afastar quadros de doenças de Tireóide como Hipotireoidismo e deficiências de vitamina B12 e Ácido Fólico e de infecções do sistema nervoso central como a neurosífilis.

Para finalizar, devemos estar bem atentos se algum familiar começar a apresentar esquecimentos (esquece onde guardou objetos, perde chaves, documentos), esquece nome de amigos ou de familiares próximos, tem dificuldade de aprender novos tipos de tarefas ou tem apresentado alterações de comportamento.

Em tais situações é necessário que estejamos atentos não atribuindo estas alterações ao efeito da idade e se possível encaminhar este indivíduo ou parente para uma avaliação médica especializada.

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