O indivíduo é um produto da hereditariedade, do social, do cultural e produto, principalmente, da objetividade do inconsciente que manifesta honestamente, através dos sintomas, a incapacidade de expressão dos seus conflitos emocionais.
Cabe aqui uma citação de Rüdiger Dahlke (cf. 1992, p. 18) que diz que ao invés de aliar-se ao paciente contra os seus sintomas, trata-se de aliar-se aos sintomas para reconhecer o que falta ao paciente.
Repetimos, em nossa existência os mesmos padrões das nossas famílias de origem, cujos moldes ficaram introjetados em nossa psique. Principalmente quando o sistema familiar tinha um esquema interacional rígido sem possibilidades de se abrir para um novo aprendizado ou qualquer experimentação.
Organizações familiares que não têm espaço para a troca, para o intercâmbio real, são os principais obstáculos para o crescimento de um self diferenciado.
A forma humana de um ser é moldada pelos registros internos e externos da gestação, do nascimento, do crescimento, relacionamento, acasalamento, trabalho e outros. Esta forma é marcada também pela rejeição, pelo acolhimento, pelo amor e pelas decepções. O corpo é uma estrutura em permanente construção e desconstrução.
A edificação interna tanto corporal quanto no nível de sentimentos e significados nos dá a estrutura básica que levamos ao longo da nossa jornada existencial.
Mente, emoção e corpo não são entidades separadas e sim intimamente ligadas.
A necessidade de buscar um entendimento maior para as agressões dos nossos próprios estados internos pode nos levar para um movimento de reorganização, de reconstrução que não acontece se antes não houver a demolição.
A quebra dos padrões mórbidos de comportamento é fundamental para que se alcance a mudança. Padrões estes que nos levam para o desenvolvimento de sintomatologias.
A ciência nos diz que os sintomas são manifestações vitais da psique, que contém potencialidades evolutivas e que acabam exercendo uma pressão para se expressar.
Trata-se de um ponto essencial e esperado nesse aprendizado do mundo da psique e da alma.
Quando existe um engajamento com a vida, com o seu sentido, muitas descobertas podem ser feitas e mudanças podem ocorrer e transformar o caminho a ser seguido.
O propósito é enfrentar os desafios e não mais os problemas. É trabalhar para que a nossa mente seja uma auxiliar dedicada e não uma ditadora que exige desempenhos.
Quando chegamos a cultivar uma percepção íntima dos ferimentos, machucados e violações pelos quais passamos e aos quais nos sujeitamos, ficando feridos, machucados e violados, podemos dizer que realmente estamos engajados em nosso verdadeiro processo existencial.
Os elementos irritantes deixados na psique, nunca são completamente eliminados, e nenhum de nós pode realmente fugir da sua verdadeira história, mas sem dúvida, pode-se mantê-los em segundo plano. A perfeição pode não ser alcançada na sua totalidade, mas o caminho aí está, para ser seguido e explorado com criatividade e profundidade.
O processo de viver é um processo contínuo de correção dos estados mórbidos.
E aqui eu finalizo, citando o que Clarissa Pinkola Estes, diz em seu livro “Mulheres que Correm com os Lobos” – até mesmo as emoções grosseiras e confusas são uma forma de LUZ que explode de ENERGIA – e essa LUZ pode ser utilizada para iluminar lugares que geralmente não vemos.