A sociedade vem sofrendo inúmeras mudanças quanto ao processo produtivo; novas tecnologias invadem o mundo do trabalho substituindo as formas tradicionais, seja no campo da educação, da comunicação, da ética individual e coletiva, estabelecendo outros laços de relacionamento.
É bem verdade que atualmente surgem conflitos na área da educação pela massificação do ensino, com disputa em torno do excedente de profissionais, do meio ambiente e qualidade de vida, o valor da saúde, processamento de riscos nos ambientes de trabalho, ou seja, tudo o que era organizado em torno do trabalho material torna-se pequeno.
Nos conflitos que se estabelecem entre os diferentes atores coletivos das diferentes classes profissionais, a luta que se apresenta é pela expressão da própria identidade cultural.
Assim, o capital cultural passa a se tornar relevante, os certificados, títulos treinamentos nos processos de aprendizagem ganham importância, uma vez que estabiliza o status.
Para que se possa obter o monopólio e controle da profissão, nos dias atuais, é necessário o aumento do capital cultural, do controle do poder tecnológico e do conteúdo profissional, autonomia, eficiência, eficácia. Sair do isolamento, do próprio mundo das práticas clínicas, pautar o trabalho de orientação coletivista, na conexão multiprofissional em forma de redes, e de ter conhecimento formal abstrato transmitido pelo conhecimento profissional.
Segundo o autor Klaus Eder (2002), em seu livro ” A nova política das classes” afirma:
“A luta pela qualificação formal alterou de forma drástica as diferenças entre as classes médias e mais baixas, tanto qualitativa quanto quantitativamente.
A figura-chave nesta nova luta por status é o trabalhador especializado que, tendo adquirido novas qualificações formais, distanciou-se do trabalhador normal não-especializado que juntou-se as fileiras das velhas classes médias baixas. Seu tipo de luta, viabilizada pela expansão do sistema educacional, tornou-se central nas sociedades modernas avançadas. A classe trabalhadora está ficando separada entre trabalhadores propriamente ditos e trabalhadores marginais. As qualificações para cima e para baixo (que conduzem a ascensão e descenso) são resultado de novas maneiras de construir papéis ocupacionais no sistema de trabalho” (op. cit., p.146-147)
As mudanças acontecem em grande velocidade, a competição aparece, mas desaparece quando a incapacidade não acompanhar o mercado em transfotmação. A própria globalização cria um mundo caótico, pois princípios utilizados no passado não se aplicam mais.
O profissional Dentista que no passado trabalhava com a auxiliar treinada por ele, e que executava os procedimentos com todas as “viciações” adquiridas do profissional que a treinava, não ocupa mais lugar nos dias de hoje. Até mesmo para a auxiliar odontológica se exige a freqüencia nos cursos de formação, além de atualizações constantes.
A qualidade do trabalho humano como resultante de um processo de qualificação coletiva, de acordo com as organizações sociais atuais, requerem no seu conteúdo a ser apreendido o domínio do trabalho flexibilizado e a oportunidade de manejar novas tecnologias. Ter capacidade de estabelecer um bom relacionamento interpessoal, ter iniciativa, saídas rápidas para enfrentamento de problemas, saber trabalhar em equipe, ter capacidade de aprender continuamente, são competências importantes no mundo produtivo.
Portanto, para uma organização de trabalho em saúde num sistema de renovação há que se permitir à qualificação do trabalhador, ética profissional, sensibilização e humanização na prestação de serviços, aliados à remuneração compatível ao trabalho exercido em equipes, propiciando vínculos entre os profissionais com os usuários, à democratização dos serviços e das intituições quanto à construção de uma nova identidade profissional.